domingo, 19 de setembro de 2010

Desde da minha existência que moramos uma ao pé da outra, criaste-me até aos três anos, mas quando cheguei a essa idade a mãe quis levar-me para o infantário e aí chorávamos as duas, eu porque não queria ir, não gostava e queria ficar contigo, e tu porque não querias que eu fosse e achavas que ficava melhor contigo (mas apesar da minha adaptação ter custado, até foi bom para mim). Fui crescendo e comecei a ficar todos os dias "das férias grandes" contigo, tu brincavas comigo e com a minha prima, deixava-nos a vontade, e deixavas-nos fazer quase tudo, nunca conseguias ralhar verdadeiramente e por vezes perante várias situações defendias-nos ou encobrias algumas asneiras (que também nunca foram muitas).
Por vezes falava contigo e contava-te muito mais coisas a ti do que a mãe e sabia que se te pedisse segredo tu o guardavas dentro de ti, sempre que te pedia ajuda para resolver alguma coisa tu estavas sempre e ajudavas, acabavas sempre por arranjar alguma solução. Raramente levavas alguma coisa a mal.
Quando era mais pequena chamavas-me de uma forma carinhosa, que confesso que nunca gostei muito mas como eras tu eu não me importava, tu para mim ficarás sempre a minha "Cininha".
Cresci e tu envelheceste, infelizmente devido alguns problemas de saúde ficaste diferente, não mudaste o teu jeito preocupada, mas infelizmente deixaste de ter noção de algumas coisas, já não podes saber de tudo (como sempre sabias), algumas conversas já não podemos ter, alguns desabafos já não posso ter contigo que sempre me deste o teu colo, algumas brincadeiras não se pode ter porque reages de modo diferente, tens algumas atitudes e dizes algumas coisas que era impensável teres ou dizeres, e sei que não tens culpa porque nunca foste assim, e desculpa-me quando te falo mais áspero ou estou sem paciência sei que não tens culpa, mas dizem que nos viramos sempre para quem gostamos mais e no meu caso por vezes isso acontece, a mãe percebe e aprendeu isso, mas tu já não consegues perceber, contudo não deixo de gostar de ti.
Dantes eras tu que me ajudavas quando eu caía, agora já somos nós que te temos de ajudar todos os dias que cais e te magoas, dantes eras tu que muitas vezes nos fazias o comer, e tão bem que sempre cozinhaste =), agora embora o faças algumas vezes, a qualidade já é muito diferente e já temos de ser nós a fazer algumas refeições para levar para a tua casa.
Sempre gostaste muito de ajudar, e de dar tudo o que tinhas e o que por vezes o que não tinhas também e quando não o podes fazer para ti é uma "doença", e por mais que nós te diga-mos que não podes e pronto, tu ficas muito triste.
Agora, não sabes o quanto para mim é difícil ver uma pessoa como tu eras, a sofrer desta maneira, a ir embora aos poucos, a por vezes parecer que te estas a despedir de nós, ver-te por vezes da maneira que estas e não poder fazer nada parte-me o coração.
Contigo aprendi muita coisa, vivi muita coisa, mas ao ver-te assim que agora que mal podes andar e precisas de ajuda para muitas coisas deixa-me tão sem sentido.
Sei que nunca irás ler isto, e eu acho que não terei coragem de te ler isto, porque me desmancharei logo, mas quero que saibas que gostava, gostei, gosto e gostarei sempre de tii minha avó.

3 comentários:

Ana Filipa disse...

Miuda, grande texto.. devias de o ler à tua avó ela iria gostar muito de ouvir :)
Pensa que a tua avó tem uma grande força todos os dias, para te tentar dar um sorriso, estando na situacao dela, e ela esforça-se para poder sempre ajudar.. Isso demonstra a força que ela tem, porque no fundo ela nao quer dar trabalho :D mas ainda irás rir muito com ela vais ver ;)

©LauLisePhotography disse...

http://lau-lisephotography.blogspot.com/
Diz me o que achas please :)
Preciso mesmo de opiniões para melhorar ;)

E. disse...

tens um selo para ti no meu blog :)